quarta-feira, setembro 16, 2009

Muros - O racismo no Zimbabwe

"A polémica que estalou a semana passada, virtualmente na véspera da XX olímpiadas em Munique, foi, possivelmente, a que mais divergências criou na conturbada histórai de 76 anos dos Jogos Modernos. Os governos de onze nações africanas negras, nomeadamente Quénia, Etiópia e Uganda, declararam que não iriam deixar os seus compatriotas competir se os Jogos se mantiverem abertos a atletas da Rodésia, de supremacia branca. (...) A ameaça de desistência por parte de nações africanas negras nos Jogos da Cidade do México de 1968 resultou na exclusão de atletas negros da racista África do Sul. (...) A situação da passada semana difere da disputa de 1968 porque as consequências de um boicote da África negra são muito mais alarmantes. Antes dos jogos de 1968, os atletas africanos negros não eram vistos como um factor relevante na competição internacional. Mas o Quénia, em particular, revelou-se nboo México como uma superpotência mundial nos eventos de pista masculinos, ganhando mais medalhas do que qualquer outra nação a seguir aos E.U.A. Este ano a equipa queniana aparece ainda mais forte, com novas estrelas para acompanhar os actuais campeões olímpicos Kipchoge Keino (na corrida dos 1500 metros), Naftali Temu (nos 10 000 metros) e Amos Biwott (nos 3000 metros obstáculos). A Etiópia também tem potenciais medalhas de ouro no actual campeão da maratona Mamo Wold e Miruz Yifter, um especialista das corridas de 5000 e 10 000 metros."

Time, 28/08/1972

"O governo britânico apoiou oficialmente um discurso feito ontem pelo Secretário de Estádio Kissinger na Zâmbia O discurso é visto como um esforço na tentativa de convencer os líderes negros africanos de que os E.U.A. favorecem um governo por parte da maioria negra na África do Sul. Kissinger mostrou a oposição dos E.U.A. ao regime de minoria branca de Ian Smith na Rodésia e disse que a administração Ford iria, entre outras acções, procurar interditar a importação de crómio da Rodésia. Um porta-voz do Gabinete dos Negócios Estrangeiros britânico mostrou-se agradado por Kissinger "ter enfatizado de novo o forte apoio do governo dos Estados Unidos relativamente à política do governo britânico na Rodésia". Avisou o regime de Ian Smith para levar em linha de conta o discurso de Kissinger."

The Virgin Islands Daily, 28/04/1976

"A acusação; ocultar a localização de guerrilhas nacionalistas negras. O arguido; o bispo católico romano de Umtali, Rodésia, Donal Lamont foi ontem sentenciado a dez anos de prisão por ocultar a localização de revolucionários negros da Rodésia. Lamont admitiu ao tribunal não ter denunciado a presença de guerrilhas perto de uma missão na sua Sé. Também reconheceu ter incitado outros a fazer o mesmo."

The Virgin Islands Daily, 2/10/1976

[De leitores:]

"Face aos repetidos ataques da guerrilha marxista do vizinho Moçambique, o governo rodesiano tem-se mantido firme na sua resolução e o regime de Smith mantém-se como um dos poucos em África livre da penetração soviética.

Se o governo da Rodésia prosseguir com a proposta de Kissinger, a possibilidade de grupos terrorista e dos chamados "grupos de libertação" montarem ofensivas pode representar uma ameaça séria às nações do mundo livre."

"Não mencionaram Donal Lamont, o bispo católico romano rodesiano. Lamont acabou de receber uma pena de dez anos por encorajar o seu pessoal médico a oferer assistência a todos, brancos ou negros.

Como disse o bispo Lamont: «Aquele que se mantem em silêncio está condenado.»"

Time, 1/11/1976

"Ontem um guarda branco acenou e gritou um comando firme e 100 prisioneiros políticos negros saíram da prisão pelo portão de arame farpado, para os autocarros de regresso a casa e à liberdade.

Outros 361 serão libertados em breve segundo o plano do  governo de transição rodesiano para melhorar as relações entre brancos e negros e facilitar o caminho para uma administração da maioria negra que será realidade pelo fim deste ano. Cerca de 500 outros estão ainda na prisão."

Pittsburgh Post-Gazette, 14,04/1078

"Parte do acordo para terminar a longa guerra civil no Zimbabwe foi um programa de ajuda internacional para ajudar a nação a recuperar. Na última semana o Zimbabwe beneficiou de uma dessas mostras de compaixão através da escrita de cheques. Numa memorável reunião de passagem do testemunho em Salisbury, representantes de 36 países - alguns dos quais em não muito melhor condição que o próprio Zimbabwe - comprometeram-se com quase 1.4 biliões de dólares em ajuda à nação outrora conhecida como Rodésia. Até a pequena e pobre Sierra Leone entrou com $90 000. Mas o apoio que provavelmente mais agradou ao Zimbabwe veio dos E.U.A.: 225 milhões de dólares nos próximos três anos. «A criação do Zimbabwe é um dos mais notáveis sucessos políticos e diplomáticos da nossa geração.» declarou o representante dos E.U.A. M. Peter McPherson, recentemente apontado para a direcção da Agência para o Desenvolvimento Internacional. «Ao comprometermo-nos a dar o nosso apoio estamos também a dar apoio para resoluções pacíficas para conflitos internacionais.»"

Time, 6/4/1981

"Invasores negros brandindo, paus e pedras atacaram outra fazenda de propriedade branca hoje, destruindo janelas, incendiando as casas dos trabalhadores e espancando cães até à morte. O presidente Robert Mugabe, que tem mostrado o seu apoio aos invasores, disse hoje que não tinha quaisquer planos para destacar polícias ou soldados.

Os líderes dos invasores prometeram quarta-feira parar a violência crescente mas que não iriam deixar as centenas de quintas que ocuparam desde Fevereiro."

Associated Press, 20/4/2000

"Os Estados Unidos lamentam a caracterização dos fazendeiros brancos por parte do presidente do Zimbabwe Robert Mugabe como inimigos do povo do Zimbabwe. Tais afirmações só podem contribuir para o aumento de violência e erosão do cumprimento da lei no Zimbabwe. Os cidadãos zimbabuanos tem o direito constitucional de se associarem ao partido da sua escolha. A democracia só pode ser desenvolvida num clima de tolerância política."

M2 Presswire, 20/4/2000

"Um serviço fúnebre foi hoje organizado no Zimbabwe em memória de David Stevens, o primeiro de dois fazendeiros brancos que foram mortos durante os tumultos presentes relativos à ocupação de terras.

Foi atingido a tiro pelos ocupantes que invadiram a sua fazenda há 10 dias.

Deste então, vários activistas da oposição e outro fazendeiro branco foram mortos e muitos trabalhadores atacados pelos invasores e veteranos de guerra."

BBC News, 25/4/2000

"A campanha eleitoral, na qual foi permitido à oposição fazer campanha de forma mais ou menos livre, sugeria que o regime estava a perder a sua força, ou que pelo menos estava dividido e incapaz de reprimir. Os dias que se seguiram ao 29 de Março mostraram sinais ainda mais auspiciosos. A oposição declarou vitória, e Tsvangirai declarou até a aurora de «um novo Zimbabwe fundado na restauração, não retribuição, igualdade, não discriminação, amor, não guerra, tolerância, não ódio.» Declarou até, «depois de domingo 29 de Março de 2008, Zimbabwe nunca mais será o mesmo.» Infelismente para o Zimbabwe, Mugabe e o Zanu-PF parecem ter estado apenas a digerir a sua derrota e a planear o seu futuro. E parecem ter concluído que o seu futuro depende do Zimbabwe continuar exactamente onde está."

Times, 7/4/2008

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