domingo, setembro 27, 2009

Muros: Duas Coreias


Nota: A Zona Desmilitarizada ou DMZ designa uma zona tampão que separa a Coreia do Norte e do Sul, desde 1953, quando terminou a Guerra da Coreia, entre as facções do Norte, apoiadas pela União Soviética, e do Sul, apoiada pela O.N.U. e pelos E.U.A.. A Coreia foi ocupada no fim da segunda guerra mundial, estando até então sob o governo do Japão (que integrava as forças do Eixo), pelos Aliados, União Soviética, que chegou primeiro e ficou no Norte, e E.U.A. que chegou depois e ocupou o Sul.

"Aos coreanos que protestam contra o uso, por parte de americanos, de oficiais japoneses no seu país, o senador Elbert D. Thomas (D-Utah) enviou hoje a seguinte mensagem: «a independência coreana está a chegar.»

«A Coreia será governada por coreanos», disse Thomas, «mas vai levar algum tempo para substituir o governo que os tem dirigido há tanto tempo. O plano é trabalhar através do governo conquistado. Isto não tem nada a ver com a política futura.

Existe um governo coreano provisório em Chungking (China) e pelo menos duas facções coreanas na América. Não há nada estável na Coreia ainda. Tentar começar algo agora, mudar abruptamente, culminaria de certo no caos.»"

13/09/1945, The Deseret News/ Associated Press

"A Coreia é uma guerra em que os E.U.A. 1) em seis meses derrotaram decisivamente o agressor original, a Coreia do Norte; 2) tem lutado inconclusivamente nos últimos dois anos e meio com um segundo, a China Vermelha. É uma guerra internacional, posta como uma guerra civil, tomada em nome do «mundo livre». É a primeira guerra da O.N.U. a primeira guerra com aviões a jacto. (...)

Tem mantido os E.U.A. a lutar durante mais tempo que a 1ª Guerra Mundial; já costou aos E.U.A 22 biliões de dólares.

O custo humano é mais alto. Do lado da democracia:

Mortos em combate: 71 500. (...) Feridos: 250 000. Desaparecidos e capturados: 83 263. As perdas dos comunistas foram muito maiores, embora as estimativas da O.N.U. sejam pouco fiáveis: 1 347 000 mortos ou feridos.

A guerra para salvar a Coreia também matou 400 000 civis coreanos, deixou 500 000 casas destruídas sem reparação possível. Um quarto dos coreanos está desalojada, e 100 000 são orfãos; todos estão subalimentados. (...)

Na Ásia, os resultados da Coreia são menos tangíveis. A intervenção americana:

preveniu o comunismo de tomar toda a Coreia; destruiu a base do exército da China Vermelha, que de outra forma poderia ter tomado todo o Sudoeste Asiático. Se a Coreia não tivesse resitido, o próprio Japão podia já não existir; salvou os E.U.A. e os seus aliados do desastre sofrido quando foi permitido que a Checoslóvaquia caísse nas mãos de Hitler em 1938; assegurou ao mundo, especialmente a Taiwan e ao Japão, que os E.U.A. não tolerariam nova agressão comunista."

29/06/1953, Time


A Ordem Geral Nº 1, aprovada pelo Presidente dos Estados Unidos a 17 de Agosto de 1945, foi a primeira ordem do General Douglas MacArthur às forças do Império do Japão a seguir à sua rendição. Instruia as forças japonesas para se renderem a comandantes aliados designados, expor todas as suas actividades militares, e preparar o equipamento militar para posterior desarmamento.

Também é a fonte da moderna divisão da Coreia ao longo do paralelo 38 norte.

Ao emitir a Ordem Geral Nº1, os Estados Unidos confirmaram o seu papel como a principal força ocupante das áreas especificadas.

Wikipedia

"Artigo II A. Toda a actividade bélica para imediatamente até doze horas após a assinatura do armistício. Dentro de 72 horas, todas as tropas e equipamento de ambos os lados são retiradas de uma zona tampão de 2 milhas e meia de largura. Dentro de dez dias as forças aliadas retiram-se das ilhas a norte do paralelo 38. Rotação de 35 000 tropas por mês é permitida a cada lado, mas o nível das forças existentes não pode ser aumentado. Força aérea, peças de artilharia, etc., que estejam gastas, danificadas ou destruídas durante as tréguas podem ser substítuidas peça por peça."

3/8/1953, Time

"Durante uma rara visita à Coreia do Norte, uma equipa da ABC News visitou a Zona Desmilitarizada, a fronteira formal entre as Coreias do Norte e do Sul, criada quando terminou a Guerra da Coreia.

Dois milhões de pessoas foram mortas na guerra, incluindo cerca de 34 000 americanos. Meio século depois, a Zona Desmilitarizada - a DMZ - perdura como um símbolo da hostilidade e desconfiança que ainda existem. 

Ao entrar na DMZ a partir do norte hoje, uma equipa da ABC News conduziu ao longo de estradas cercadas por árvores e campos cultivados. Ouviam-se tiros à distância. Tal como a sua congénere do sul, o exército da Coreia do Norte ainda treina com munições reais.

«Eu culpo os E.U.A. pela divisão do nosso país» diz Kim Kwang Gil, um oficial norte coreano. «Foram os E.U.A. que começaram esta guerra em 1950.»

Na verdade, a maior parte dos historiadores dizem que foi a Coreia do Norte que atacou primeiro num conflito em que, em última análise, não se alcançou nada. Mas os norte coreanos dizem que a guerra foi uma grande vitória, pois acreditam terem expulso um invasor.

Por isso preservaram as mesas onde o armísticio foi assinado como uma espécie de monumento sobre o que vêem como humilhação americana.

Na DMZ, a linha de demarcação é índicada por um pequeno muro de cimento monitorizada por uma série de câmaras de vigilância. Tem efectivamente mantido o status quo há quase 52 anos - os norte-coreanos de um lado, os sul-coreanos e os americanos do outro.

Ultimamente as tensões na DMZ têm crescido, dizem os norte-coreanos.

Os americanos mudaram os exercícios militares defensivos na Coreia do Sul para exercícios ofensivos, disse Kim."

10/06/2005, ABC News

Sem comentários: