quinta-feira, dezembro 03, 2009

Muros: O outro lado dos piratas somalis...

"Piratas” Somalis: A luta contra o arrasto e as descargas de lixo tóxico



Ainda não se esfumaram os ecos da notícia de que a fragata portuguesa Álvares Cabral ao serviço da NATO capturou um grupo de piratas somalis que atacou o navio de pesca espanhol.
Mas…, serão piratas ou pescadores/defensores das suas águas territoriais contra a Pesca Ilegal Não Declarada e Não Regulamentada?...


Najad Abdullahi/ Johann Hari / Mohamed Abshir Waldo - 03.12.09

A comunidade internacional condenou com vigor e declarou guerra aos piratas/pescadores somalis, enquanto protege discretamente as operações das suas frotas dedicadas á Pesca Ilegal Não Declarada e Não Regulamentada (IUU, sigla em inglês) procedentes de todo o mundo, que pescam furtivamente e, além disso, descarregam lixos tóxicos em águas somalis desde que caiu o governo desse país há 18 anos. Quando colapsou o governo da Somália, em 1991, os interesses estrangeiros aproveitaram a oportunidade para começar a saquear as fontes alimentares do mar do país e a utilizar as águas sem vigilância como depósito de resíduos nucleares e tóxicos.

Segundo o Grupo de Trabalho de Alto Mar (HSTF, sigla em inglês), em 2005 mais de 800 barcos pesqueiros IUU operavam ao mesmo tempo em águas da Somália, aproveitando-se da incapacidade de o país vigiar e controlar as suas próprias águas e zonas de pesca. Os barcos IUUs retiram anualmente aproximadamente 450 milhões de dólares em mariscos e peixes das águas somalis. Assim roubam uma fonte inestimável de proteínas a uma das nações mais pobres o mundo e arruínam o sustento de vida legítimo dos pescadores.

As reclamações contra a descarga de lixos tóxicos, assim como a pesca ilegal, têm existido desde princípios dos anos 90, mas as provas físicas surgiram quando o tsunami de 2004 fustigou o país. O Programa do Ambiente das Nações Unidas (UNEP, sigla em inglês) relatou que o tsunami rebentou os ferrugentos contentores de resíduos tóxicos, que se derramaram pelas margens de Puntland, no norte da Somália.

Nick Nuttall, porta-voz do UNEP, disse á cadeia árabe Al-Jazera que, quando os contentores se romperam ou foram abertos pela força das ondas, expuseram á luz uma “actividade espantosa” que se tinha estado levando a cabo durante mais de una década. “A Somália está a ser utilizada como lixeira para resíduos perigosos desde o começo dos anos 90, e continuou com a guerra civil deflagrada nesse país”, disse. “O lixo é de muitas classes diferentes. Há detritos radioactivos de urânio, os principais e metais pesados como cádmio e mercúrio. Também há lixo industrial, detritos de hospital, lixos de substâncias químicas e tudo o que se queira mencionar”.

Nuttall também disse que desde que os contentores chegaram ás praias, centenas de residentes ficaram doentes, afectados por hemorragias abdominais e da boca, infecções na pele e outras doenças. “O mais alarmante aqui é que se está descarregando lixo nuclear. O lixo radioactivo de urânio está matando potencialmente os somalis e está destruindo totalmente o oceano”, disse.

Ahmedou Ould-Abdallah, enviado da ONU para a Somália, disse que na prática o petróleo contribuiu para a guerra civil de 18 anos na Somália, pois as companhias pagam para descarregar o seu lixo aos ministros do governo e/ou aos líderes da milícia. “Não há controlo governamental (…) mas sim poucas pessoas com elevada base moral (…), estão pagando a gente do topo, mas por causa da fragilidade do “governo federal transitório”, algumas destas corporações agora nem sequer consultam as autoridades: simplesmente descarregam o lixo e vão-se embora”.

Em 1992 os países membros da União Europeia e outras 168 nações assinaram a Convenção de Basileia, sobre o controlo de movimentos transfronteiriços de resíduos perigosos e seu armazenamento. O convénio proíbe o comércio de lixo entre os países signatários, assim como também aos países que não assinaram o acordo, a menos que tenha sido negociado um acordo bilateral. Também proíbe o envio de detritos perigosos para zonas de guerra.

Assombrosamente, a ONU não atendeu aos seus próprios princípios e ignorou súplicas somalis e internacionais para deter a devastação contínua dos recursos marinhos somalis e a descarga de lixo tóxico. As violações também foram largamente ignoradas pelas autoridades marítimas da região. Este é o contexto em que apareceram os homens a que estamos chamando “piratas”.

Há acordo em que no principio foram os pescadores somalis comuns quem usou lanchas rápidas para tentar dissuadir os barcos descarregadores e arrastões, ou pelo menos aplicar-lhes um “imposto”. Chamaram a si mesmos “Guarda-costas Voluntários da Somália”.

Um dos líderes dos piratas, Sugule Ali, explicou que o seu motivo foi “pôr fim á pesca ilegal e ás descargas nas nossas águas… Não nos consideramos bandidos do mar. Consideramos que os bandidos do mar (são) os que pescam ilegalmente e descarregam lixo. Nós trazemos armas mas nos nossos mares”.

O jornalista britânico Johann Hari observou no Huffington Post que, enquanto nada justifica a tomada de reféns, os “piratas” têm, de maneira desconcertante, o apoio da população local que lhes dá razão. O sitio web independente WardherNews [1], da Somália, conduz a melhor investigação que temos sobre o que pensa o somali comum. Descobriu que 70% “apoia fortemente a pirataria como uma forma de defesa nacional das águas territoriais do país”.

Em vez de tomar medidas para proteger a população e as águas da Somália contra as transgressões internacionais, a resposta da ONU a esta situação foi aprovar resoluções agressivas que dão direitos e animam os transgressores a empreender a guerra contra os piratas somalis.

Um coro de países que pede para endurecer a acção internacional conduz a uma precipitação naval multinacional e unilateral para invadir e tomar o controlo das águas somalis. O Conselho de Segurança da ONU (de que alguns membros podem ter muitos motivos ocultos para proteger indirectamente as suas frotas pesqueiras ilegais em águas somalis) aprovou as resolução 1816, em Junho de 2008, e 1838, em Outubro de 2008, que “convidam os estados interessados na segurança das actividades marítimas a participar activamente na luta contra a pirataria em alto mar fora das costas de Somália, particularmente disponibilizando navios de guerra e aviões militares…”

A NATO e a União Europeia emitiram ordens para o mesmo efeito. A Rússia, o Japão, a Índia, a Malásia, o Egipto e o Iémen juntaram-se á batalha, juntamente com um número cada vez maior de países.

Durante anos, as tentativas realizadas para controlar a pirataria nos mares do mundo através de resoluções da ONU não puderam aprovar-se, em grande parte porque as nações membro sentiam que tais acordos afectariam a sua soberania e segurança. Os países são pouco propensos a ceder o controlo e a patrulha das suas próprias águas. As resoluções 1816 e 1838 da ONU, às quais se opuseram algumas nações da África Ocidental, do Caribe e América do Sul, por conseguinte, foram estabelecidas para se aplicar somente á Somália, um país que não tem nenhuma representação nas Nações Unidas com força para exigir emendas destinadas a proteger s sua soberania. Igualmente, foram ignoradas as objecções da sociedade civil somali ao projecto de resolução, que não fez nenhuma menção á pesca ilegal nem aos perigos da descarga de lixo.

Hari perguntou: “Esperamos que os somalis esfomeados permaneçam passivamente nas suas praias, remando entre o nosso lixo nuclear, e nos observem como lhes arrebatamos os seus peixes para os comermos em restaurantes de Londres, Paris e Roma? Não temos actuado contra esses crimes. Mas quando alguns pescadores responderam interrompendo o trânsito no corredor marítimo de 20% do abastecimento de petróleo do mundo, começámos a gritar sobre esta “maldade”. Se realmente queremos ocuparmo-nos da pirataria, necessitamos extirpar a raiz que a causa – os nossos crimes - , antes de enviar as canhoneiras para libertar a rota de criminosos somalis”.

Actualização de Mohamed Abshir Waldo (de “WardheerNews”)

As crises de pirataria múltipla na Somália não diminuíram desde o meu artigo anterior, “As duas piratarias na Somália: Por quê uma palavra ignora a outra?”, publicado em Dezembro de 2008. Continua com nova pujança toda a pirataria ilegal de pesca, a descarga de lixo e o tráfico marítimo ilegal. Os pescadores somalis, convertidos em piratas como reacção á pesca furtiva massiva estrangeira armada, intensificaram a sua guerra contra toda a espécie de navios no golfo de Adén e o Oceano Índico.

Numa resposta internacional, os governos estrangeiros, as organizações internacionais e os grandes meios de informação uniram-se para demonizar a Somália e descrever os seus pescadores como homens malvados que surpreendem os navios e aterrorizam os marinheiros (ainda que não se tenha danificado nenhum). Esta apresentação é distorcida. Os grandes meios disseram relativamente pouco sobre as outras piratarias, a da pesca ilegal e a descarga de lixo.

As marinhas de guerra aliadas do mundo – com uma frota superior a 40 vasos de guerra, dos quais 10 asiáticos, árabes e de países africanos, assim como de muitas nações membros da NATO e da União Europeia – intensificaram a sua caça aos pescadores-piratas somalis, sem se importarem se estes realmente praticam a pirataria ou a pesca normal nas águas somalis.

As diversas reuniões do Grupo Internacional de Contacto para a Somália (ICGS, sigla em inglês) em Nova York, Londres, Cairo e Roma continuam intensificando a demonização dos pescadores somalis e impulsionam outras acções punitivas, sem uma única menção ás violações da pesca ilegal e a descarga tóxica de navios com bandeira daqueles mesmos países que se sentam nos foros do ICGS e da ONU para julgar a pirataria.

Na reunião anti-pirataria do ICGS no Cairo, em 30 de Maio de 2009, o Egipto e a Itália foram os países que mais insistiram em pedir um castigo severo para os piratas-pescadores somalis. Enquanto estes países ICGS se reuniam em Roma (10 de Junho de 2009), a comunidade local da cidade costeira somali de Las Khorey reteve uma barcaça italiana e dois barcos arrastões egípcios abarrotando de peixes capturados ilegalmente nas águas somalis, que por sua vez rebocavam dois enormes tanques suspeitos de conter lixo tóxico ou nuclear. A comunidade de Las Khorey convidou peritos internacionais a que viessem investigar estes casos, mas até agora não houve resposta ao convite.

Deve assinalar-se que a IUU (sigla em inglês de Pesca Ilegal, Não Declarada e Não Regulamentada) e a descarga de detritos estão ocorrendo também em outros países africanos. A Costa do Marfim é outra vítima importante da descarga tóxica internacional.

Diz-se que os actos de pirataria realmente são actos de desespero e, como no caso da Somália, um homem transformado em pirata é ao mesmo tempo guarda-costas.

Notas:
[1] www.wardheernews.com

Fontes:
Al Jazeera English, 11 de Outubro de 2008, “Toxic waste behind Somali piracy”, por Najad Abdullahi; Huffington Post, 4, de Janeiro de 2009, “You are being lied to about pirates”, por Johann Hari; e WardheerNews, 8 de Janeiro de 2009, “The Two Piracies in Somalia: Why the World Ignores the Other”, por Mohamed Abshir Waldo.


Traducción de Ernesto Carmona (especial para ARGENPRESS.info)
Fuente original: www.argenpress.info.

Tradução de Guilherme Coelho, a partir do texto em espanhol publicado pela ARGENPRESS.info.



Fonte: http://www.odiario.info/articulo.php?p=1392&more=1&c=1


sexta-feira, outubro 30, 2009

Muros: O salto na fronteira


"Pelo menos oito migrantes africanos morreram neste sábado, quando o barco frágil no qual tentavam chegar à costa espanhola virou, afirmou porta-voz do governo de Ceuta, enclave espanhol no norte da África.

O barco foi encontrado perto da ilha espanhola de Perejil, oeste de Ceuta e próximo ao litoral marroquino, depois de uma hora de busca que começou após os imigrantes terem passado a localização da embarcação por rádio.

Até agora, 11 pessoas foram resgatadas com vida, disse a porta-voz de Ceuta à Reuters.

«Já foram encontrados corpos de oito migrantes, sete dos quais mulheres. A busca continua», afirmou ela.

Segundo a Cruz Vermelha, havia 60 pessoas no barco, mas o governo local não confirmou a informação."

UOL Notícias

"Um navio de patrulha espanhol se juntou neste domingo à operação de busca de dezenas de africanos desaparecidos depois que o barco no qual viajavam naufragou perto da ilha espanhola de Perejil, oeste de Ceuta, informou a mídia local. 

Ninguém estava disponível no Ministério da Defesa ou no gabinete do governo local de Ceuta para confirmar a informação.

O frágil barco dos imigrantes foi encontrado no sábado perto de Perejil, no litoral do Marrocos, depois de uma hora de busca, iniciada quando os imigrantes informaram por telefone sua localização.

Onze imigrantes, de um grupo de 40 a 60 que tentavam chegar à costa espanhola, foram encontrados com vida, enquanto oito corpos foram recuperados pela equipe de resgate formada por guardas civis, agentes da guarda costeira e da Cruz Vermelha."

Reuters/ Globo

segunda-feira, outubro 26, 2009

Muros - Egoísmo Urbano ou As Favelas dos Ricos

"O crescente "enfavelamento" das urbanizações de luxo na Encosta do Bom Jesus pode tornar o local "repulsivo" e até "conflituoso". Este é o alerta preliminar de um estudo desenvolvido na Universidade do Minho.

A investigação, que junta o geógrafo urbano Miguel Bandeira, o sociólogo Carlos Veiga e a arquitecta Patrícia Veiga, vai estender-se também à Encosta da Penha, em Guimarães, e ao Monte de Santa Luzia, em Viana do Castelo, naquele que pretende ser um contributo para o ordenamento do território, a partir doNoroeste.

Numa primeira fase, foi estudado o fenómeno de Braga naquela que ficou conhecida como a "favela dos ricos", devido à predominância de moradores [com bons rendimentos]. As conclusões preliminares são demolidoras. 

"Ao aumentar o enfavelamento, começam já a surgir litígios entre os vizinhos. Mais construção significa mais caos e, ao tapar as vistas ou invadir o território do outro, a mais-valia que levou à escolha daquela área desqualifica as expectativas dos primeiros locatários", explica o geógrafo urbano, que acusa ainda a proliferação de vivendas de segunda linha, em banda, que surgem de uma cada vez mais elevada densidade de construção.

"Onde cabe, constrói-se. Tudo isto vai gerar níveis de conflitualidade, tornando-se até repulsivo para os que lá moram", prevê, relembrando que o projecto científico, desenvolvido a partir de 50 inquéritos não tem um objectivo "moralizador", mas pretende ser um alerta académico para os decisores no que toca à deterioração previsível da qualidade de vida na colina, já por si acusada de ter arrasado um dos poucos pulmões da cidade. 

A "favela dos ricos", caracterizada pela construção assente em antigas quintas, cujo cadastro de caminhos rurais foi mantido, mostra já os seus efeitos negativos, com a confusão na gestão do tráfego. "Já não circulam por aqui tractores, o desenho das ruas devia ter sido pensado", diz. Há também riscos inerentes a ter em conta, nomeadamente a pavimentação de uma linha de água, que poderá ser "terrível", no caso de um desastre natural.

Os autores referem que a construção naquela área teve custos sociais, para fazer chegar ali acima o saneamento, a luz, o que por si só justificaria um planeamento cuidado. Equação que devia estender-se às preocupações ambientais. Os moradores, maioritariamente na casa dos 50 anos, filhos de uma geração de operários, têm "bons salários", e conseguiram a ascenção social à custa de uma carreira. Conceberam eles próprios as casas (com áreas superiores a 350 m2), "subjugados à imagem e não à eficiência". "Os arquitectos apenas cumpriram o que foi idealizado. Não houve sensibilidade ambiental na concepção. Por exemplo, os jardins de tipo canteiro não compensam a perda da vegetação exuberante da Serra de Espinho", continua.

Para Carlos Veiga, o fenómeno de migração para as colinas, e consequente abandono do centro urbano, promove uma certa "cultura de isolamento". "Não há relações de vizinhança, nem sentido de comunidade. Devido ao capital escolar dos moradores, 80% dos quais são licenciados, podia haver um certo rendimento para a freguesia, mas não se verifica", esclarece."

Jornal de Notícias

domingo, outubro 25, 2009

Muros: Abuso do poder

"Nixon: Não há nada de novo que tenha grande importância, pois não? 
Kissinger: Nada com grandes consequências. A coisa chilena está a ser consolidada e claro, os jornais não falam de outra coisa, porque um governo pró-comunista foi deposto. 
Nixon: Quem diria, quem diria. 
Kissinger: Quer dizer, em vez de celebrar - no período do Eisenhower seríamos heróis. 
Nixon: Bom, nós não - como tu sabes - a nossas mão não se mostrou desta vez, no entanto. 
Kissinger: Nós não o fizemos. Quer dizer, ajudámo-los. [algo inintelegível] criámos as melhores condições possíveis. 
Nixon: É verdade. E é assim que vai ser de agora em diante."

The Kissinger Telcons on Chile,

The National Security Archive, George Washington University


"Nixon: (...) Tu sabes o que eles estão a fazer [no Cambodja] Henry. É horrível o que a Força Aérea está a fazer. Não estão a fazer nada que valha um chavo.
Kissinger: Não são imaginativos.
Nixon: Bom, não só não são imaginativos como estão apenas a fazer o mínimo - a bombardear selvas. Você sabe. Têm que apostar mais, e eu quero dizer apostar verdadeiramente. Não quero helicópteros leves equipados com armas, quero porta-helicópteros. Quero tudo o que possa voar e dar cabo daquilo tudo. Não há limite de milhagem nem de orçamento. Está percebido?
Kissinger: Sim, Sr. Presidente."

The Kissinger Telcons,

The National Security Archive, George Washington University


quinta-feira, outubro 22, 2009

Muros: Em Baghdad

"As tropas norte-americanas na capital do Iraque, Baghdad, estão a construir um muro à volta do distrito Sunita de Adhamyia, que está rodeado de comunidades Xiitas.

Os 5km de muro de cimento são parte da estratégia para "quebrar o ciclo de violência sectária", disse um porta-voz dos E.U.A."

21/04/2007, BBC News

"O exército americano diz que o muro em Baghdad procurar proteger a minoria Sunita na comunidade de Azamiyah, que «tem estado presa numa esperial de violência sectária e retaliação.» A área, localizada no lado este do rio tigre, seria completamente vedada, com entradas e saídas controladas por soldados iraquianos, o exército americano disse já esta semana.

Mas alguns habitantes do bairro, que está rodeado por áreas Xiitas, queixam-se de não ter sido consultados quanto à construção do muro.

«Isto vai fazer de toda esta zona uma prisão. É um castigo colectivo aos habitantes de Azamiyah,» disse Ahmed al-Dulaimi, um engenheiro de 41 anos que vive na zona. «Vão castigar-nos a todos por causa de uns quantos terroristas aqui e ali.»"

22/04/2007, Fox News

«A nova era do muro começou. Fossos e fortalezas de pedra, olhadas até recentemente como relíquias nacionais e atrações turísticas, estão de volta com a vingança na "guerra global ao terror." (...)

O muro de Baghdad é apenas uma corrente de cercas e sebes e outras soluções de engenharia semelhantes para manter as pessoas separadas, para sua própria protecção e benefício dos governantes.

O negócio da resolução de conflitos está em declínio, e a indústria do cimento está a tomar o seu lugar.»

24/04/2007, The Guardian

domingo, outubro 18, 2009

Muros: O muro das lamentações

Lamentacoes1 Lamentacoes2 Lamentacoes5Orthodox Jews praying at the western wall - also known as the wailing wall - in the Old City. Jerusalem, Israel, 2005 © S.Langdon / Exile Images

"O Primeiro Templo, ou Templo de Salomão, foi construído no século X a.C., e derrubado pelos babilónios em 586 a.C.. O Segundo Templo, entretanto, foi construído por Esdras e Neemias na época do Exílio da Babilónia, e voltou a ser destruído pelos romanos no ano 70 da nossa era, durante a Grande Revolta Judaica. Deste modo, cada templo esteve erguido durante uns 400 anos.

Quando as legiões do imperador Tito destruíram o templo, só uma parte do muro exterior ficou em pé. Tito deixou este muro para que os judeus tivessem a amarga lembrança de que Roma vencera a Judeia (daí o nome de Muro das Lamentações). Os judeus, porém, atribuíram-no a uma promessa feita por Deus, segundo a qual sempre ficaria de pé ao menos uma parte do sagrado templo como símbolo da sua aliança perpétua com o povo judeu. Os judeus têm pregado frente a este muro durante os derradeiros dois milénios, crendo que este é o lugar acessível mais sagrado da Terra, já que não podem aceder ao interior da Esplanada das Mesquitas, que seria ainda mais sagrado.

(...)

O Muro das Lamentações é sagrado para os judeus devido a ser o último pedaço do muro que rodeava o Templo pelos lados sul e leste. Alem disso, o Muro é o lugar mais próximo do sancta sanctorum ou lugar "sagrado entre os sagrados" (1 Reis 8:6-8). Das três secções do muro, a do leste, do sul e do oeste, a do oeste é o lugar tradicional de oração (daí o seu nome em hebraico, Hakótel Hama'araví, "o Muro Ocidental").

Na Esplanada das Mesquitas, rodeada pelo Muro, os muçulmanos construíram ao longo dos séculos a Cúpula da Rocha e a Mesquita de Al-Aqsa."

Wikipedia

sábado, outubro 17, 2009

Muros: O sistema

My Life

My life I no longer love
I’d rather be set free above
Get it over with while the time is right
Late some rainy night
Turn black as the sky and as cold as the sea
Say goodbye to Ashley
Miss me but don’t be sad
I’m not sad I’m happy and glad
I’m free, where I want to be
No more caged up Ashley
Wishing I were free
Free like a bird.

Ashley Smith, 18 anos de idade, 1/10/2006, New Brunswick Youth Centre,

Relatório sobre Ashley Smith

"Como é que uma rapariga que tirava barras de cereais de casa para dar de comer a um homem sem-abrigo, coleccionava seixos da praia e devorou os primeiros cinco livros do Harry Potter acaba morta no chão de uma prisão federal aos 19 anos?

Desde que Ashley Smith se estrangulou com uma peça de roupa na manhã de Sexta, 19 de Outubro de 2007, numa cela de solitária enquanto sete guardas na Grand Valley Institution de Kitchener - aos quais foi ordenado não intervir - observavam, os relatórios do governo têm tentado responder a esta questão.

Dois anos depois, a sua família e os crítimos do sistema correccional ainda estão à procura de respostas.

A investigação em curso do The Star revela como os sistemas correcionais quer regionais quer federais maltrataram Smith ao serem incapaz diagnosticar-lhe a doença mental que estava a desenvolver. Documentos da prisão e do tribunal mostram como as outroras suaves queixas da jovem quanto ao tratamento inumano de que era alvo foram largamente ignoradas e como ela acabou por se sentir como um "animal enjaulado".

(...)

Smith não parecia muito diferente das outras crianças. Ela fez babysitting, jogou basquetebol e hóquei, aprendeu caiaque, e nunca se ajeitou com o esqui de fundo.

Quando chegou a puberdade, algo mudou. Aos 12, Smith foi suspensa por seis meses, depois dela e de uma amiga terem sido apanhadas a comprar marijuana na escola. Ela começou a "armar-se", a jogar o "jogo da galinha", caminhando na rua no sentido contrário ao do tráfego. Aos 15, uma avaliação psicológica propunha aconselhamento por  distúrbio de oposição desafiante

Não muito depois, foi presa por quatro meses no centro de correcção juvenil New Brunswick Youth Centre em Miramichi por atirar maçãs a um trabalhador dos correios, que ela acreditava estar a reter os cheques da segurança social dos seus vizinhos.

Quatro meses tornaram-se em quase quatro anos, feitos principalmente em segregação, em oito instituições. 

Durante os primeiros dois anos, uma fugitiva chamada Jessica Fair partilhou a parede de uma cela com Smith no centro de correcção. 

«Tinhamos feito um buraco na parede para poder falar uma com a outra», disse ela. «Não nos conheciamos ainda, por isso tinhamos muitos tópicos sobre os quais conversar.»

Quando Fair arranjou problemas com os guardas e perdeu privilégios como o de ir à biblioteca da prisão, Smith iria requisitar um livro e ler-lho através da minúscula fenda que tinham escavado na parede calafetada. Vice-versa quando Smith perdia os seus privilégios.

«Lemos todos os livros do Harry Potter até ao Príncipe Meio-Sangue.» diz Fair, 20 anos, que agora vive em Moncton com o namorado e o seu filho de seis semanas, Ashton.

(...)

Ela acumulou pilhas de novas acusações no centro, relacionadas com agressãos menores aos guardas e alguns "números" como fazer disparar aspersores e alarmes de incêndio ou cobrir a janela da sua cela prisional com tiras de papel higiénico

«No centro de detenção, ela nunca se dirigiu intencionalmente a um guarda para o agredir», disse Fair de Smith. «Era sempre quando eles estavam na sua cela - e nunca é só um guarda que vem até à tua cela - são tipo oito, nove, 10 numa cela muito, muito pequena. Por isso é claro que tu vais estar a esbracejar. E se tu bateres em alguém enquanto estás a esbracejar e tentar afastares-te, eles lançam-te uma nova acusação.»

Ela tinha sido coagida através de Tasers e gás-pimenta e presa dos pés à cabeça numa espécie de casulo a que o centro chama cobertor. Um supervisor requeriu a sua libertação antecipada para passar à custódia federal.

Foi dito a Smith e Gorber que são uma das poucas famílias em New Brunswick que são uma das poucas famílias que contratou um advogado para bloquear a transferência de um jovem.

Não resultou. (...)

Smith entrou na custódia federal na Nova Institution em Truro, N.S., em Outubro de 2006.

O The Star obteve cópias de queixas manuscritas por Smith durante enquanto esteve na Nova. Ela queixou-se de ter apenas dois tampões por dia durante o período menstrual, e apenas quatro quadrados de papel higiénio por utilização, e ser privade de papel e caneta. (...)

«Nós não fazíamos ideia», diz Coralee Smith. «Penso que algumas pessoas vêem a situação e dizem. «Oh, eles devem ter sabido. Onde estavam os pais?»

«E eu estou a pensar, não fazíamos ideia -uma vez que o nosso filho entra no sistema, perde-se completamente o controlo. Fica-se sem nada.»

The Toronto Star

"Com as suas unhas saídas da manicure, uma charmosa cruz a baloiçar-lhe no pescoço e uns óculos modernos sobre o nariz, Corry Grunsky é de novo a mulher de outrora - uma mãe dequatro que trabalha como gerente de restaurante.

Depois aponta para o retrato do seu cadastro criminal.

Os seus olhos são duros, os seus lábios ressequidos, a sua pele amarelada e o seu cabelo curto e castanho uma confusão. A sua figura normalmente bem constítuida de 1,75m, tinha sido encolhida para um "palito" de 56 kg.

A foto foi tirada a 27 de Dezembro de 2001, quando a dupla vida de Ms. Grunsky como viciada em metanfetaminas e uma dealer de sucesso, traficando o flagelo das Pradaarias Canadianas para uma rede de dealers de sgunda dos arredores de Edmonton, chegava abruptamente ao fim. As drogas tinham-se tornado no seu apoio - e no seu meio de subsistência - desde que tinha sido diagnosticada com depressão, desordem bipolar e déficite de atenção por hiperactividade.

A polícia, que a perseguia há anos, usou de um aríete para entrar em sua casa. Os procuradores fizeram com que as acusações de posse e tráfico de droga seguissem em frente. E Ms. Grunsky, com o seu vício e os seus múltiplos demónios psicológicos, juntou-se à legião de doentes mentais canadianos para quem a prisão se tornou num novo asilo.

«Eles deviam dar-nos programas de tratamento, nós estamos encarcerados de qualquer forma, portanto porque é que não temos um programa que nos ajude a adaptar?» disse Ms. Grunsky, agora 54, apesar de tudo, sóbria e parte de um programa universitário sobre psicologia e trabalho social. «...A minha pena na penitenciária federal foi uma anedota; uma anedota completa.» 

É a insanidade da política pública, um sistema judicial que faz as pessoas entrar

em num ciclo de polícia, tribunais e prisões, sem tratar as doenças que lhes estão subjacentes.»

The Globe And Mail

quinta-feira, outubro 15, 2009

Muros: A solidão

"O número de pessoas que vivem sozinhas, sem família ou companheiro(a) é cada vez maior nas grandes cidades da Europa e da América. Segundo alguns psicólogos, este grupo está mais exposto a sofrer de doenças físicas e psíquicas, o seu sistema imunológico mostra-se menos estável, menos forte e mais propício a contrair doenças crónicas.

Os homens divorciados contraem três vezes mais doenças do que os casados e o índice de mortalidade masculina depois da viuvez regista um aumento de 40 por cento, segundo revela a revista austríaca Medizin Populaer, sendo o enfarte a causa mais comum. Entre as viúvas, a principal causa de morte é o cancro e muitas morrem no ano seguinte ao falecimento do cônjugue. O extremo stress que representa a perda do cônjugue faz com que muitos percam a alegria de viver. Além disso, muitas pessoas deprimidas alimentam-se mal e algumas, em especial os homens, procuram consolo no consumo excessivo de álcool.

De acordo com Georg Gaul, da Sociedade Austríaca de Cardiologia, citado pela agência Efe, o risco de morte das pessoas que vivem sozinhas é o dobro das que permanecem acompanhadas. Perante o seu isolamento, muitos acomodam-se e acabam por adoecer com frequência, vitimados por úlcera no estômago, problemas no fígado e no aparelho digestivo, associados a uma crónica dor de cabeça.

Hans Joachim Fuchs, especialista austríaco em clínica geral, garante que vê diariamente pacientes vítimas de síndromes de solidão e de problemas de convivência, entre cujas causas está o prolongado período que viveram «debaixo das saias da mãe», o que os leva a uma maior dependência emocional dos seus pais e a uma maior dificuldade em se atirarem para o mundo de uma forma mais independente."

Diário de Notícias

"Quase 40 por cento dos portugueses a partir dos 65 anos passam oito ou mais horas dos seus dias sozinhos. «A solidão dos nossos idosos é assustadora», constata Anabela Mota Pinto, uma das autoras de um estudo nacional que define o perfil de envelhecimento da população portuguesa, da autoria de médicos da Faculdade de Medicina de Coimbra, em parceria com a Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa da Universidade Nova de Lisboa. O estudo sairá em livro no próximo mês.

(...)

Se é verdade que 24,85 por cento dos inquiridos com mais de 65 anos vivem sozinhos, são bastantes mais as pessoas desta idade (36,5 por cento) que passam os seus dias sozinhos durante oito ou mais horas por dia. A coordenadora do estudo e professora da Faculdade de Medicina de Coimbra, Catarina Oliveira, afirma que «a solidão no idoso é um factor com grande peso negativo na sua vida», porque «compromete a parte emocional: a pessoa alimenta-se pior, deixa de cozinhar para si, em vez de comer sopa come pão...».

(...)

O curioso é que o estudo até demonstra que os inquiridos mantêm bons índices de autonomia - cerca de 80 por cento não precisam de ajuda nas suas tarefas diárias - e "boa cabeça"- só 5,8 por cento dos analisados tiveram uma avaliação cognitiva "desfavorável" -, mas, depois, "passam horas e horas sozinhos", em vez de terem uma intervenção na sociedade e serem aproveitados para ajudar, nota a médica."

Público

terça-feira, outubro 13, 2009

Muros: A burocracia


"Um cidadão português, que sempre desejou ter uma casa com vista para o Tejo, descobriu finalmente umas águas-furtadas algures numa das colinas de Lisboa que cumpria essa condição. No entanto, uma das assoalhadas não tinha janela. Falou então com um arquitecto amigo para que ele fizesse o projecto e o entregasse à câmara de Lisboa, para obter a respectiva autorização para a obra. O amigo dissuadiu-o logo: que demoraria bastantes meses ou mesmo anos a obter uma resposta e que, no final, ela seria negativa. No entanto, acrescentou, ele resolveria o problema. Assim, numa sexta-feira ao fim da tarde, uma equipa de pedreiros entrou na referida casa, abriu a janela, colocou os vidros e pintou a fachada. O arquitecto tirou então fotos do exterior, onde se via a nova janela e endereçou um pedido à CML, solicitando que fosse permitido ao proprietário fechar a dita cuja janela. Passado alguns meses, a resposta chegou e era avassaladora: invocando um extenso número de artigos dos mais diversos códigos, os serviços da câmara davam um rotundo não à pretensão do proprietário de fechar a dita cuja janela. E assim, o dono da casa não só ganhou uma janela nova, como ficou com toda a argumentação jurídica para rebater alguém que, algum dia, se atreva a vir dizer-lhe que tem de fechar a janela!"

(Não sei a origem desta história, que tem passado de mail em mail,
embora uma pesquisa no Google aponte para uma antiga crónica
de Nicolau Santos no Expresso Online)

segunda-feira, outubro 12, 2009

Muros - A indiferença



I don't mind if you go
I don't mind if you take it slow
I don't mind if you say yes or no
I don't mind at all

I don't care if you live or die
Couldn't care less if you laugh or cry
I don't mind if you crash or fly
I don't mind at all

I don't mind if you come or go
I don't mind if you say no
Couldn't care less baby let it flow
'Cause I don't care at all

Na na na, etc.

I don't care if you sink or swim
Lock me out or let me in
Where I'm going or where I've been
I don't mind at all

I don't mind if the government falls
Implements more futile laws
I don't care if the nation stalls
And I don't care at all

I don't care if they tear down trees
I don't feel the hotter breeze
Sink in dust in dying sees
And I don't care at all

Na na na etc.

I don't mind if culture crumbles
I don't mind if religion stumbles
I can't hear the speakers mumble
And I don't mind at all

I don't care if the Third World fries
It's hotter there I'm not surprised
Baby I can watch whole nations die
And I don't care at all

I don't mind I don't mind I don't mind I don't mind
I don't mind I don't mind
I don't mind at all

Na na na etc.

I don't mind about people's fears
Authority no longer hears
Send a social engineer
And I don't mind at all

domingo, outubro 11, 2009

Muros: A barreira de Marrocos

Ver mapa maior


"Controla os movimentos da guerrilha e da aldeia local e legitima a invasão e saque dos recursos naturais dos miseráveis habitantes do Sahara. O muro de 2720 km que separa estes povos das suas terras ocupadas por Marrocos é uma das maiores infâmias de uma nação que nunca teve os benefícios da descolonização africana.

As muralhas levantadas por impérios ou países poderosos não são exclusivas do passado da humanidade. No mundo contemporâneo, onde as barreiras económicas e culturais e de comunicação tendem a desaparecer, acelera-se a separação das aldeias através de barreiras militarizadas.

O motivo pelo qual o constroem é sempre o mesmo: prevenção e segurança de uma nação ou comunidade mais rica ou poderosa contra um suposto inimigo que tentar tomar à força ou invadir territórios alheios.

(...)

Quando o General Francisco Franco agonizava em 1975, a Espanha começava a retirada do Saara Espanhol, uma ex-colónia situada ao sul de Marrocos e que faz fronteira com a Argélia e o Oceano Atlântico. 

Imediatamente, o rei marroquinho Hasan II deu ínicio à Marcha Verde, ou seja, a repovoação do Saara com cidadãos marroquinos para que, no caso de se realizar um referendo à independência, a balança se inclinasse a favor do ocupante.

A Frente Polisário, a guerrilha saarauí, que lutou contra a colonização espanhola, encabeçou a resistência armada contra Marrocos até 1991. A partir desse ano, a ONU enviou os seus capacetes azuis para pôr fim à violência.

Tanto Espanha como França dão o seu avalo à ocupação marroquina e evitam, ano após ano, as sessões da ONU, que o Saara vote pela sua autodeterminação.

O motivo é muito simples: Marrocos, como país ocupante, outorga vantajosas licitações para obter os recursos pesqueiros, fosfatos e gás a companhías europeias e norte-americanas no território do Saara. Em troca, Marrocos benefícia de enormes incentivos económicos superiores aos aspirantes a formar parte da União Europeia. Por exemplo: redução dos impostos sobre os seus produtos agrícolas, que ingressariam no mercado europeu quase sem restrições e com uma blindagem finaceira de 190 milhões de euros para fazer face à crise mundial. Tudo isto foi subscripto pelo tratado de cooperação em Outubro do ano passado. 

Além disso, em finais de Dezembro o presidente espanhol Rodríguez Zapatero anunciou um crédito de 520 milhões de euros para Marrocos para assentar as bases da infraestructura das empresas espanholas que se vão estabelecer nesse país durante os próximos dois anos.

A Europa e os E.U.A. não só legitimam a invasão, como também impedem a investigação das violações dos Direitos Humanos por parte do governo marroquino aos dissidentes do Saara, que ainda reclamam que se cumpra a resolução 1871 do Conselho de Segurança, segundo a qual a ONU deve obrigar Marrocos à realização de um referendo à independência. 

A semana passada Jean-Maurice Ripert, embaixador francês na ONU impediu que se investigassem as torturas, a construcção do muro e os assassinatos dos rebeldes saaurís no seu próprio território às mãos dos militares marroquinos.

A muralha não serve tanto para dividir Marrocos do Saara, mas sim para separar o terço mais árido do território saaurí do resto, que controla militarmente a cidade de Rabat e onde se têm podido estabelecer empresas pesqueiras e energéticas como a francesa Total, sem que o Saara recebe a sua parte do dinheiro feito à custa dos seus próprios recursos.

O muro tem uma longitude de 2720 km. Está previsto um radar de 15 km e postos de vigilância a cada 5 km. O mais indignante é que em redor da fortaleza o território está minado e em várias zonas não há sinais que indiquem esse perigo."

Casa das Áfricas


sexta-feira, outubro 09, 2009

Muros: Exploração de países sub-desenvolvidos

"Não é todos os dias que líderes globais pisam as estradas de gravilha da África austral, elevando-se acima das dunas de areias e de uns meros dois milhões de pessoas. Portanto quando o Presidente Hu Jintao, da China, desceu cá abaixo em Fevereiro de 2007, trazendo consigo uma delegação de 130 pessoas, não foi, claramente, apenas por cortesia.

E na verdade, a China em breve garantiu à Namíbia um grande empréstimo com baixa taxa de juro, que a Namíbia cobria comprando detectores para deter traficantes, fabricados na China pelo valor de 55,3 milhões de dólares. Foi um bom exemplo, disseram os responsáveis chineses, de como praticar o bem na Namíbia podia fazer bem à China também.

Ou era o que parecia até a Namíbia ter acusado a empresa estatal seleccionada pela China para fornecer os detectores - uma empresa que até recentemente era gerida pelo filho do presidente Hu - tinha facilitado o negócio com milhões de dólares em comissões ilegais. E até a China começar a pôr obstáculos quando os investigadores namibianos pediram ajuda para investigar a matéria.

"Agora os detectores parecem ilustrar outra coisa: uma aura de propaganda, secretismo e negócios obscuros tem ofuscado o uso de milhões de dólares em ajuda internacional para conquistar o mundo em vias de desenvolvimento."

New York Times

 "É domingo, por volta das cinco horas da tarde, quando o carpinteiro Thomas Haimbodi deixa o trabalho. Está à espera da carrinha que o vai levar, juntamente com os colegas, do local de construção – o prédio de escritórios do novo Ministério da Terra e Reintegração em Windhoek – para Katutura, cidade dormitório nos arredores da capital da Namíbia. 

«Trabalho nove horas por dia, sete dias por semana», disse Haimbodi. «Nem todos nós fazemos isso, mas eu preciso de trabalhar horas extraordinárias». Os empregadores chineses encorajam essas horas de trabalho terríveis. «Ele oferece um acordo informal que é um pouco mais do que o salário normal». No caso de Haimbodi, “normal” são 10 doláres por dia. 

A maioria ganha muito menos do que isso, mas a chocante taxa de desemprego da Namíbia, rondando os 40 por cento, torna difícil dizer não a qualquer tipo de trabalho.

O empregador de Haimbodi, a China Nanjing International, tem orgulho em oferecer “Construção de Qualidade para o Desenvolvimento Nacional”, segundo um grande cartaz no local de construção.

Contudo, as companhias de construção namibianas locais levaram a Nanjing International a tribunal devido à adjudicação de um contrato governamental de 8.7 milhões de doláres que acreditam ter sido concedido incorrectamente – não tendo, porém, conseguido obter quaisquer resultados positivos. 

«As companhias estatais chinesas (CECs) eliminam as companhias locais porque desrespeitam a legislação laboral», explicou Herbert Jauch, do Instituto dos Recursos e Pesquisa Laboral da Namíbia (LaRRI). Ele é co-editor de um estudo sobre os investimentos chineses em África e o seu impacto no mercado de trabalho, estudo esse que vai ser publicado brevemente.

O estudo revela que os efeitos laterais da política de “Olhar para o Oriente”, que muitos países africanos adoptaram, é alarmante.

Dez países da África Austral participaram no estudo, elaborado pela Rede de Investigação sobre a Mão-de-Obra Africana (ALRN). «No caso da Namíbia, descobrimos que, em 2008, a maior parte das companhias de construção chinesas pagava 35 cêntimos do dólar por hora aos trabalhadores, enquanto que o salário minimo nacional neste sector é um dólar». 

Segundo Jauch, quase 70 por cento dos grandes projectos de construção são controlados por companhias chinesas. «Frequentemente não têm a documentação necessária, como os certificados de igualdade de trabalho, mas continuam a receber valiosos contratos». 

Os investigadores africanos lamentam a perda de empregos que resulta do uso de um grande número de trabalhadores chineses em projectos de construção no continente, assim como a concorrência causada pela importação de produtos baratos “nas lojas chinesas”.

Os investigadores explicam que a «China deu importância aos benefícios políticos e económicos e apresentou-se como parceiro económico atraente e amigo político». 

«Para os governos africanos, isto representou numa alternativa ao chamado ‘consenso de Washington’, sendo agora intitulado ‘consenso de Beijing’, isto é, apoio sem interferência em assuntos internos».

(...)

A China oferece incentivos atraentes aos governos de forma a conseguir que os mesmos abram as portas ao investimento. Por exemplo, o volume do comércio entre a Namíbia e a China é de 400 milhões de doláres mas, acima deste montante, o Presidente chinês, Hu Jintao, concedeu um empréstimo de 100 milhões de doláres ao país, e ainda uma linha de crédito no valor de 72 milhões de dólares.

Em troca dessa ajuda destinada ao desenvolvimento, explica Jauch, o governo chinês tem fácil acesso aos mercados africanos – algo que precisa agora mais do que nunca.

«A situação de desemprego na China, exacerbada pela crise do crédito, resulta no envio, pelo governo china, de um grande número de trabalhadores para o estrangeiro» explica Jauch. «Estes trabalhadores normalmente ganham mais que os seus congéneres africanos».

(...)

Hou não concede contratos. “Frequentemente, os trabalhadores roubam e isso é um grande problema. Tive de contratar seguranças. Se as pessoas tiverem contratos, podem apresentar queixa ao comissário do trabalho. Eu não quero isso. Se alguém roubar, é despedido. É tão simples quanto isso”.

Além dos legumas, a loja de Hou vende de tudo, desde produtos para cabelo até bebidas alcoólicas – todos os produtos com rótulos em cantonês e cuidadosamente acondicionados em filas de prateleiras. 

Este proprietário acredita que os namibianos não são muito produtivos. «Vão cedo para casa no fim de semana mas nós ficamos aqui, sete dias por semana até as oito da noite. É necessário porque as pessoas trabalham durante a semana e querem fazer compras no fim de semana». 

Jauch contesta estas opiniões acerca da produtividade. «Um estudo do Banco Mundial de 2007 mostra que os trabalhadores namibianos estão bem colocados a este respeito na África Sub-Saariana». 

O facto de os produtos e serviços chineses terem virtualmente acesso ilimitado aos mercados africanos é uma “contradição”, se se tomar em consideração as difíceis negociações referentes a um acordo de parceria económica (EPA) com a União Europeia, sustente Jauch.

«Aquilo que está a ser promovido como comércio sul-sul são, de facto, práticas altamente exploradoras. Os chineses têm a oportunidade de jogar este jogo a seu favor»."

IPS - Inter Press Service

quinta-feira, outubro 08, 2009

Muros: As doenças mentais

O UPA - Unidos Para Ajudar foi um projecto da Associação Encontrar-se, em que diversos músicos abordam os muros que se levantam às pesssoas que sofrem de doenças mentais.

quarta-feira, outubro 07, 2009

Muros: Educação na África do Sul

"Milhares de crianças marcharam esta semana até à prefeitura em ajuizados sapatos negros, uma corrente de rapazes e raparigas do distrito, uma corrente que se estendia por vários quarteirões ao longo desta cidade marítima, passando numa nuvem de saias de pregas, blusões e gravatas. A sua educada exigência: Dêem-nos bibliotecas e bibliotecários.

(...) o fosso entre o sucesso de estudantes negros e brancos ainda persiste. Aqui no Cabo Ocidental, apenas 2 em cada 1000 estudantes do sexto ano em escolas de população predominantemente negra passou um teste de matemática em 2005, comparadas com as quase 2 em cada 3 crianças que passaram nas escolas anteriormente reservadas aos brancos e que estão agora integradas, mas geralmente se situam em bairros mais ricos. 

«Se tu dizes 3 vezes 3, eles respondem 6», diz Patrine Makhele, uma professora de matemática em Kwamfundo neste distrito marcadamente negro, ecoando as queixas de colegas que dizem que as crianças chegam ao ensino secundário sem saber a tabuada.

As escolas da África do Sul estão ainda a batalhar-se com o legado da era do Apartheid, quando o governo estabeleceu um sistema educativo à parte para os "Bantu", que procurava, deliberadamente, fazer dos negros trabalhadores subservientes. Hendrik Verwoerd, o primeiro ministro que foi o arquitecto do apartheid, disse que o "Bantu" não pode sujeito a uma educação que lhe mostre "as verdes pastagens da sociedade europeia nos quais não lhe foi permitido pastar."

New York Times

terça-feira, outubro 06, 2009

Muros: Muro da Cisjordânia


"Os israelenses começaram a construir, em junho de 2002, entre Israel e a Cisjordânia um "muro de proteção" destinado a impedir ataques palestinos.

A construção do "muro de proteção" foi requisitada pela direita e esquerda israelenses, após a onda de atentados suicidas que atingiu Israel desde o início da segunda Intifada (revolta palestina contra a ocupação israelense) no final de setembro de 2000.

A idéia de construir um muro surgiu após o fracasso da Conferência de Camp David sobre o conflito israelo-palestino, em julho de 2000. A construção suscitou, desde o início, tensões políticas internas e muitas críticas palestinas e da comunidade internacional.

Para a esquerda israelense, a barreira deve respeitar o mais fielmente possível o traçado da "linha verde" entre Israel e a Cisjordânia --limite imposto por Israel após a Guerra dos Seis Dias entre israelenses e árabes, em 1967. Já a direita, encabeçada pelo primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, quer que divisão agrupe o maior número possível de colônias judaicas nos territórios palestinos.

O primeiro trecho da obra, com 147 km de extensão, foi concluído no dia 1º de agosto.

Com extensão prevista de 350 km, o "muro de proteção" deve cobrir do norte ao sul a "linha verde" e englobar também o setor oriental de Jerusalém, anexado por Israel desde 1967, e onde os palestinos pretendem construir um dia a capital do seu Estado.

O complexo defensivo deve ser alto em alguns pontos e ainda terá dispositivos eletrônicos capazes de detectar infiltrações, fossas antitanques e pontos de observação e patrulha.

Em certos lugares, como na região da cidade palestina de Qalqiliya, o "muro de proteção" chegaria à altura de oito metros. Em alguns pontos, a construção tem 45 metros de largura, que em outros pontos pode chegar a 75 ou 100 metros.

Prevê-se que a construção vá custar US$ 1 bilhão. Até agora, acredita-se que a obra defensiva já custou cerca de US$ 2 milhões ao Estado de Israel."

10/02-2004, Folha de S. Paulo

"Alunos e funcionários do liceu de Anata, no subúrbio de Jerusalém, ficaram perplexos após toparem com um muro de concreto de oito metros de altura, erguido durante o último fim de semana por Israel e que agora divide em dois o estabelecimento.

O muro cruza o pátio do liceu, isolando as quadras de futebol e de vôlei da escola e deixando para os 800 alunos um espaço estreito e limitado para o recreio e as atividades esportivas.

O muro é parte da barreira de separação erguida por Israel na Cisjordânia e na região de Jerusalém.

Anata fica no subúrbio, ao norte de Jerusalém Oriental, ocupado e anexado por Israel, e é um dos bairros da Cidade Santa por onde passa o muro.

O diretor da escola Yussef Elayan afirma que os trabalhos para a construção do muro no pátio do liceu começaram na quinta-feira sem aviso prévio.

"Fomos surpreendidos na semana passada quando vimos o exército iniciar os trabalhos na metade da escola. Continuaram à noite e durante a sexta-feira (30)", explicou Elayan.

De acordo com o diretor, na quinta-feira (29) ocorreram choques entre soldados israelenses e alunos, alguns dos quais foram detidos.

A parte da escola situada do outro lado foi anexada de fato em benefício da colônia judaica de Pisgat Zeev, que supostamente será protegida pelo muro."

5/10/2005, Folha de S. Paulo

segunda-feira, outubro 05, 2009

Muros - Entre os muros da escola muitos muros se levantam


"'Entre Les Murs' acompanha um ano lectivo dum professor e da sua turma numa escola dum bairro problemático de Paris, microcosmos da multi-etnicidade da população francesa e espelho dos contrastes multiculturais dos grandes centros urbanos de todo o mundo. O professor François (interpretado pelo próprio François Bégaudeau, autor do livro que deu origem ao filme) e os seus colegas de trabalho, preparam-se para mais um desafiante e complicado ano escolar. Cheios de boas intenções, estão decididos a não deixarem que o desencorajamento os impeça de tentar dar a melhor educação aos seus pupilos. No entanto, as culturas e as diferentes atitudes colidem frequentemente dentro da sala de aula, provocando um ambiente instável e conflituoso entre os alunos. François que sempre insistiu numa atmosfera de respeito e empenho dentro da sala de aula, vê os seus métodos de ensino serem postos em causa pelos seus irredutíveis alunos, algo que o obriga a repensar a sua estratégia de ensino e a criar diversas maneiras que estimulem a aprendizagem da sua turma."

Portal Cinema

domingo, outubro 04, 2009

Muros: Impunidade

Anda tudo do avesso
Nesta rua que atravesso
Dão milhões a quem os tem
Aos outros um passou - bem

Não consigo perceber
Quem é que nos quer tramar
Enganar
Despedir
E ainda se ficam a rir

Eu quero acreditar
Que esta merda vai mudar
E espero vir a ter
Uma vida bem melhor

Mas se eu nada fizer
Isto nunca vai mudar
Conseguir
Encontrar
Mais força para lutar... x4

Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a comer

É difícil ser honesto
É difícil de engolir
Quem não tem nada vai preso
Quem tem muito fica a rir

Ainda espero ver alguém
Assumir que já andou
A roubar
A enganar
o povo que acreditou

Conseguir encontrar mais força para lutar x2
Mais força para lutar... x2

Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a foder

Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Mas eu sou um homem honesto
Só errei na profissão

Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a ...

Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção...

sábado, outubro 03, 2009

Muros: Empregos

"O diário espanhol “Marca” avança hoje com o número. Depois de ter batido o recorde das transferências no futebol, com os 94 milhões pagos pelo Real para conseguir levar Ronaldo de Manchester para Madrid, o avançado bateu outro recorde: vai ganhar 13 milhões de euros por época (assinou um contrato por seis temporadas)."

Público

"O desemprego real atingiu 565 800 portugueses em 2008 - 10,1% da população activa - e mais 30 mil cidadãos estão em risco de exclusão social. (...) São os "desanimados", que respondem no inquérito trimestral do INE não saber procurar trabalho ou "achar" que "não vale a pena procurar trabalho". Não entram na contabilidade do desemprego real e estão, por isso, no limiar da exclusão social. Mais tarde ou mais cedo, deverão entrar nas contas do rendimento social de inserção. Uma perspectiva cada vez mais real, já que a economia continua a dar sinais de degradação, sem oferta de emprego."

Diário de Notícias

"Segundo as contas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Portugal chegará, assim, ao final de 2010 com uma taxa de desemprego na ordem dos 11,7 por cento. 

No relatório sobre Perspectivas de Emprego 2009, hoje publicado, a organização projecta assim para o último trimestre de 2010 uma subida de 47,9 por cento no número de desempregados, face a igual período de 2007."

RTP

sexta-feira, outubro 02, 2009

Muros: Censura web

A Internet devia dar acesso à informação a cada vez mais pessoas. Mas, por exemplo, na China uma grande quantidade de sítios são bloqueados. Esse projecto do governo chinês é, por vezes, denominado de a Grande Firewall da China (Great Firewall of China). A greatfirewallofchina.org dedica-se a verificar e mostrar que sítios são ou não bloqueados (a lista de sítios bloqueados está constantemente a mudar). Antigamente, nesse site, podia-se verificar em directo quais os sítios da Internet bloqueados ou não, mas devido às cada vez mais restritas medidas chinesas, o serviço faz agora os testes offline, e mostra os resultados.

quarta-feira, setembro 30, 2009

Muros - Infoexclusão

"Nenhum dos sites das 777 maiores empresas portuguesas em volume de negócios possui todos os requisitos que garantam o nível máximo de acessibilidade a pessoas com algum tipo de deficiência, segundo um estudo da Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade de Informação (APDSI).

A acessibilidade aos sites significa que pessoas com deficiências podem navegar e interagir na Internet, apesar das limitações visuais, auditivas, físicas, entre outras.

De acordo com o estudo do Grupo de Negócio Electrónico da APDSI, "nenhuma das [777] empresas avaliadas possuía o nível de acessibilidade 'AAA', ou seja, nenhum dos sítios Web avaliados está isento de erros".

Intitulado "Ponto de Situação das Maiores Empresas Portuguesas", o documento conclui que "apenas uma" das empresas avaliadas possuía o nível de acessibilidade 'AA', o nível de acessibilidade intermédio.

Apresentavam o nível de acessibilidade 'A', o nível mais básico, 73 empresas, o equivalente a 9,4 por cento do número total de empresas avaliadas no estudo.  (...)

O objectivo inicial deste trabalho era avaliar a acessibilidade dos sites das 1000 maiores empresas em Portugal em termos de volume de negócios, mas a amostra final do estudo acabou por ser constituída por 777 empresas."

Público

"A Infoexclusão em Portugal (Dados Eurostat 2005)

Mais de metade da população portuguesa não tem as competências básicas para a utilização de um computador (53% da população nunca usou um computador), sendo um dos países com maior nível de iliteracia a nível europeu.  

O nível de escolaridade da população é baixo e a percentagem da população sem acesso a formação profissional (interna ou externa) atinge os 70%.

A nova era da sociedade de informação é uma realidade em que apenas uma pequena percentagem da população tem acesso às novas tecnologias, em particular, à Internet.

Mais de metade dos Portugueses (54%) não têm quaisquer conhecimentos básicos de informática, constituindo uma das taxas mais elevadas da UE. Neste contexto, 22% têm conhecimentos de nível médio e apenas 13% têm conhecimentos elevados.

O número médio de computadores (... ) nas escolas públicas (...) com ligação à Internet é de 5,3%.

Em Portugal, dos 41,3% de agregados domésticos com computador, apenas 26,2% têm acesso à Internet. Na região de Lisboa, este valor sobe para 50,2% dos lares com computador e a ligação à Internet situa-se nos 33,4%.

Num universo de 3,4 milhões de utilizadores, cerca de 72% da população portuguesa não acede regularmente à Internet.

Quanto ao nível de escolaridade, 81% da população com formação educacional de nível superior utiliza regularmente a Internet, contra 77% da população com nível de escolaridade ao nível do secundário. A média de população com formação até ao 3º ciclo situa-se nos 16,4% e a taxa de utilização, por parte dos estudantes, sobe para os 94,5%.

Quanto à formação sobre utilização do computador, 84,6% da população afirma não ter qualquer formação tendo adquirido as competências por via da auto-aprendizagem, 83,5% recorreu à ajuda de colegas e amigos e apenas 51,3% obteve a sua formação com base em livros. Apenas 24,5 % dos portugueses frequentaram cursos de formação em informática há, pelo menos, mais de 3 anos."

AMI - Assistência Médica Internacional

segunda-feira, setembro 28, 2009

Muros: Claques de futebol


"A violência voltou aos estádios em Inglaterra. Londres foi ontem palco de um batalha violenta entre claques, durante a vitória (3-1) do West Ham sobre o seu maior rival, o Millwall, em jogo da Taça da Liga inglesa. Os feridos foram muitos, o mais grave vítima de esfaqueamento. 

O confronto, conhecido como “East London Derby”, é o mais sangrento da cidade, mas ninguém esparava por uma batalha campal que começou ainda dentro do estádio com três invasões de campo e muita bastonada policial para fazer dispersar os invasores. Foram precisos 200 policiais e 20 oficiais a cavalo para conter as centenas de adeptos no relvado.

Segundo um adeptos do West Ham a confusão começou ainda antes do apito inicial, quando viu um homem encurralado por pelo menos uma dúzia de torcedores do Millwall. “Parecia uma zona de guerra fora do estádio”, dizia um outro adepto.

Apesar do West Ham jogar na Premier League e o Millwall na terceira divisão, a rivalidade entre as duas equipas da capital inglesa é de tal ordem que já deu mote a um filme em Hollywood. “Holligans” retrata a rivalidade entre os dois clubes e foi motivo para as mais sangrentas batalhas já vistas em Londres.

O West Ham é outra vez notícia esta semana e sempre pelos piores motivos. As tragédias têm assolado o clube: Davemport, um jovem jogador da equipa foi esfaqueado nas pernas e pode ter de ser amputado, isto depois de o pai de um outro atleta ter morrido, num violento acidente, a caminho do Estádio para ver jogar o filho no fim-de-semana."

Diário de Notícias

domingo, setembro 27, 2009

Muros: Duas Coreias


Nota: A Zona Desmilitarizada ou DMZ designa uma zona tampão que separa a Coreia do Norte e do Sul, desde 1953, quando terminou a Guerra da Coreia, entre as facções do Norte, apoiadas pela União Soviética, e do Sul, apoiada pela O.N.U. e pelos E.U.A.. A Coreia foi ocupada no fim da segunda guerra mundial, estando até então sob o governo do Japão (que integrava as forças do Eixo), pelos Aliados, União Soviética, que chegou primeiro e ficou no Norte, e E.U.A. que chegou depois e ocupou o Sul.

"Aos coreanos que protestam contra o uso, por parte de americanos, de oficiais japoneses no seu país, o senador Elbert D. Thomas (D-Utah) enviou hoje a seguinte mensagem: «a independência coreana está a chegar.»

«A Coreia será governada por coreanos», disse Thomas, «mas vai levar algum tempo para substituir o governo que os tem dirigido há tanto tempo. O plano é trabalhar através do governo conquistado. Isto não tem nada a ver com a política futura.

Existe um governo coreano provisório em Chungking (China) e pelo menos duas facções coreanas na América. Não há nada estável na Coreia ainda. Tentar começar algo agora, mudar abruptamente, culminaria de certo no caos.»"

13/09/1945, The Deseret News/ Associated Press

"A Coreia é uma guerra em que os E.U.A. 1) em seis meses derrotaram decisivamente o agressor original, a Coreia do Norte; 2) tem lutado inconclusivamente nos últimos dois anos e meio com um segundo, a China Vermelha. É uma guerra internacional, posta como uma guerra civil, tomada em nome do «mundo livre». É a primeira guerra da O.N.U. a primeira guerra com aviões a jacto. (...)

Tem mantido os E.U.A. a lutar durante mais tempo que a 1ª Guerra Mundial; já costou aos E.U.A 22 biliões de dólares.

O custo humano é mais alto. Do lado da democracia:

Mortos em combate: 71 500. (...) Feridos: 250 000. Desaparecidos e capturados: 83 263. As perdas dos comunistas foram muito maiores, embora as estimativas da O.N.U. sejam pouco fiáveis: 1 347 000 mortos ou feridos.

A guerra para salvar a Coreia também matou 400 000 civis coreanos, deixou 500 000 casas destruídas sem reparação possível. Um quarto dos coreanos está desalojada, e 100 000 são orfãos; todos estão subalimentados. (...)

Na Ásia, os resultados da Coreia são menos tangíveis. A intervenção americana:

preveniu o comunismo de tomar toda a Coreia; destruiu a base do exército da China Vermelha, que de outra forma poderia ter tomado todo o Sudoeste Asiático. Se a Coreia não tivesse resitido, o próprio Japão podia já não existir; salvou os E.U.A. e os seus aliados do desastre sofrido quando foi permitido que a Checoslóvaquia caísse nas mãos de Hitler em 1938; assegurou ao mundo, especialmente a Taiwan e ao Japão, que os E.U.A. não tolerariam nova agressão comunista."

29/06/1953, Time


A Ordem Geral Nº 1, aprovada pelo Presidente dos Estados Unidos a 17 de Agosto de 1945, foi a primeira ordem do General Douglas MacArthur às forças do Império do Japão a seguir à sua rendição. Instruia as forças japonesas para se renderem a comandantes aliados designados, expor todas as suas actividades militares, e preparar o equipamento militar para posterior desarmamento.

Também é a fonte da moderna divisão da Coreia ao longo do paralelo 38 norte.

Ao emitir a Ordem Geral Nº1, os Estados Unidos confirmaram o seu papel como a principal força ocupante das áreas especificadas.

Wikipedia

"Artigo II A. Toda a actividade bélica para imediatamente até doze horas após a assinatura do armistício. Dentro de 72 horas, todas as tropas e equipamento de ambos os lados são retiradas de uma zona tampão de 2 milhas e meia de largura. Dentro de dez dias as forças aliadas retiram-se das ilhas a norte do paralelo 38. Rotação de 35 000 tropas por mês é permitida a cada lado, mas o nível das forças existentes não pode ser aumentado. Força aérea, peças de artilharia, etc., que estejam gastas, danificadas ou destruídas durante as tréguas podem ser substítuidas peça por peça."

3/8/1953, Time

"Durante uma rara visita à Coreia do Norte, uma equipa da ABC News visitou a Zona Desmilitarizada, a fronteira formal entre as Coreias do Norte e do Sul, criada quando terminou a Guerra da Coreia.

Dois milhões de pessoas foram mortas na guerra, incluindo cerca de 34 000 americanos. Meio século depois, a Zona Desmilitarizada - a DMZ - perdura como um símbolo da hostilidade e desconfiança que ainda existem. 

Ao entrar na DMZ a partir do norte hoje, uma equipa da ABC News conduziu ao longo de estradas cercadas por árvores e campos cultivados. Ouviam-se tiros à distância. Tal como a sua congénere do sul, o exército da Coreia do Norte ainda treina com munições reais.

«Eu culpo os E.U.A. pela divisão do nosso país» diz Kim Kwang Gil, um oficial norte coreano. «Foram os E.U.A. que começaram esta guerra em 1950.»

Na verdade, a maior parte dos historiadores dizem que foi a Coreia do Norte que atacou primeiro num conflito em que, em última análise, não se alcançou nada. Mas os norte coreanos dizem que a guerra foi uma grande vitória, pois acreditam terem expulso um invasor.

Por isso preservaram as mesas onde o armísticio foi assinado como uma espécie de monumento sobre o que vêem como humilhação americana.

Na DMZ, a linha de demarcação é índicada por um pequeno muro de cimento monitorizada por uma série de câmaras de vigilância. Tem efectivamente mantido o status quo há quase 52 anos - os norte-coreanos de um lado, os sul-coreanos e os americanos do outro.

Ultimamente as tensões na DMZ têm crescido, dizem os norte-coreanos.

Os americanos mudaram os exercícios militares defensivos na Coreia do Sul para exercícios ofensivos, disse Kim."

10/06/2005, ABC News

sábado, setembro 26, 2009

Muros - A abstenção, a desilusão, a indiferença e a ignorância

"A abstenção voltou a marcar a consulta popular, cujos níveis de participação foram inferiores aos das anteriores eleições para o Parlamento Europeu. Por indiferença dos eleitores, mas também por "castigo" e desilusão. 

«Muitas pessoas não votam porque nenhum candidato satisfaz os seus ideais, quer sociais, quer políticos». Dito isto, Frederico Brito, 38 anos, treinador de surf, tomou a prancha debaixo dos braços, desceu ao areal de Matosinhos e lançou-se ao mar. Eram 16 horas. A essa hora, a onda da abstenção crescia um pouco: tinham votado 26,8% dos eleitores, segundo a Direcção-Geral da Administração Interna, contra os 27,2% participantes no sufrágio de 13 de Junho de 2004.

«São sempre os mesmos!». Manuel Serrão, 60 anos, camionista, protesta: «Quando aparecer um partido que diga assim 'temos aqui um jovem que vamos eleger', eu voto». E vai ao passeio sob os plátanos no Marquês. Adiante, um rapaz segue com atenção uma partida de "sueca". Declina o testemunho de abstencionista, mas dispara a crítica: «Não voto! Eles que vão para as obras!» Um dos jogadores arruma em duas palavras uma exigência de "mais educação" ao rapaz. E segue a puxar uma manilha de paus.

Na marginal de Matosinhos, José Fernandes, 32 anos, empresário de móveis, saboreia um gelado e o sol que brinda os domingueiros entre nuvens. Desta vez, voltou as costas às urnas. «Há muita coisa que podia mudar e não mudou». Por isso castigou os políticos. Negou o voto a todos. Ora, se ele tivesse posto os pés a caminho da assembleia de voto, a mulher, Ana Sofia Santos, 32, trabalhadora-estudante (universitária) teria trocado as voltas cívicas. «Desta vez, iria votar num dos partidos pequenos, para castigar os grandes : nenhum me satisfez», justifica.

Mais abaixo, no areal, João Silva, 18 anos, estudante, deixa para trás as ondas e descansa da surfada. Nenhum partido o interessou, pelo que viu «nos tempos de antena». Os jovens vêem os tempos de antena? «Sim, no intervalo dos Morangos com açúcar!», brinca. 

Corre a tarde no centro comercial. Elisabete Machado, 28 anos, técnica de análises, desce as escadas ainda a pensar se vai votar. «Os políticos desiludiram-me bastante», justifica. O que esperava ver feito e não o foi? «Boa pergunta!..». Ao lado, o marido, Pedro Sousa, 31 anos, enfermeiro, provavelmente iria votar, mas repete a ladainha da descrença. Mas, pior, «não fomos bem esclarecidos sobre os objectivos para as europeias e sobre o que querem fazer»."

Jornal de Notícias

sexta-feira, setembro 25, 2009

Muros - New York, New York

"Agora via-se obrigado a abrandar. As quatro faixas estavam saturadas de trânsito. Quando o Mercedes subiu o grande arco da ponte, tornou-se visível, à esquerda, a ilha de Manhattan. As torres ficavam tão próximas umas das outras que se sentia a massa e o peso fantástico do conjunto. Ah, quantos milhões de pessoas, de todos os pontos do planeta, ansiavam por estar naquela ilha, naquelas torres, naquelas ruas estreitas! Era ali a Roma, a Paris, a Londres do século XX, a cidade da ambição, a densa rocha magnética, o destino irresistível de todos os que fazem questão de estar no lugar onde as coisas acontecem - e ele, Sherman, contava-se entre os vencedores! Vivia na Park Avenue, a rua de todos os sonhos! Trabalhava na Wall Street, cinquenta pisos acima do solo, na lendária Pierce&Pierce, abarcando com os olhos o mundo inteiro! Estava ao volante de uma utomóvel de 48 000 dólares, na companhia de uma das mais belas mulheres de Nova Iorque (...) ! (...)

- Achas mesmo que eu sou do tipo a quem se chama «miúda»?

- Apetece-me chamar-te miúda, miúda. Ali está a cidade de Nova Iorque.

- Achas mesmo que eu sou do tipo a quem se chama miúda?

- És o mais miúda que se possa imaginar, Maria. Onde é que queres jantar? Nova Iorque é toda tua.

- Sherman! Não era aqui que devias virar?

Ele olhou para a direita. Era verdade. Estava duas faixas à esquerda das faixas que davam para a saída de Manhattan, e não tinha qualquer hipótese de as alcançar. A sua faixa - a faixa a seguir - a outra - todas as faixas - eram procissões contínuas de automóveis e camiões, pára-choques contra pára-choques, avançando a passo de caracol em direcção à portagem, cem jardas mais à frente. Acima da portagem havia um enorme letreiro verde, iluminado por lâmpadas amarelas, que dizia: BRONX UPSTATE N. Y. NEW ENGLAND. (...)

- Em que direcção é que vamos?

- Em direcção ao Bronx.

(..)

- O que é que nós estamos a fazer, Sherman?

- Estou a tentar virar à esquerda, mas não há maneira de virar à esquerda nesta maldita estrada. (...)

À direita, sobre uns edifícios baixos e decrépitos, viu um cartaz que dizia:

ARMAZÉM DE CARNE

O MAIOR DO BRONX

Armazém de carne... nos confins do Bronx... Adiante, mais uma abertura no muro... (...) Prédios baixos, sem janelas... janelas e mais janelas entaipadas... (...)

Chegaram a um pequeno parque circundado por uma vedação de ferro. Tinha de se virar à direita ou à esquerda. As ruas cruzavam-se em ângulos bizarros. Sherman perdera por completo a noção do quadriculado da cidade. Aquilo já não parecia Nova Iorque. Parecia uma cidadezinha decadente da Nova Inglaterra. Voltou à esquerda.

(...)

Agora viam-se carros estacionados ao longo da rua... (...) Quanto mais se aproximavam, mais pessoas... no passeio, à porta das casas, no meio da rua... (...)

E se tivesse um furo? Se o motor ficasse afogado? Havia de ser bonito. (...)

Maria não dizia uma palavra. As preocupações da sua vida luxuosa resumiam-se agora a uma única. A existência humana só tinha um objectivo: sair do Bronx."

Tom Wolfe in A Fogueira das Vaidades (1987)

quinta-feira, setembro 24, 2009

Muros - fronteira México/EUA




A fotógrafa mexicana Maria Tereza Fernandéz trabalha há anos na fronteira entre os EUA e o México, onde famílias e amigos ficam divididos entre aqueles que conseguem e os que não conseguem emigrar, legal ou ilegalmente, para um país onde esperam encontrar uma vida melhor.

quarta-feira, setembro 23, 2009

Muros - A nossa própria inércia



"Pois eu tenho estudado muito o nosso amigo Gonçalo Mendes. E sabem vocês (...) quem ele me lembra? (...) Talvez se riam. Mas eu sustento a semelhança. Aquele todo de Gonçalo (...)... Os fogachos e entusiasmos, que acabam logo em fumo (...) A esperança constante nalgum milagre, no velho milagre de Ourique, que sanará todas as dificuldades..."

Eça de Queiróz in A Ilustre Casa de Ramires

"sebastianismo - crença dos sebastianistas

sebastianista - pessoa que tinha fé no regresso de D. Sebastião, quando já não era possível ele existir;"

in Dicionário Completo de Língua Portuguesa, Texto Editores

terça-feira, setembro 22, 2009

Muros - Favelas


"Ocupado pela Polícia Militar desde novembro do ano passado , o Morro Dona Marta, em Botafogo, é o primeiro a receber um muro para conter a expansão da favela rumo à mata. Funcionários de uma empresa contratada pelo governo estadual já construíram 55 dos 634 metros previstos para a primeira fase do projeto. No dia 7 de abril, a Empresa de Obras Públicas (Emop) vai licitar o projeto que prevê a construção de um paredão de 2.800 que irá contornar a Rocinha. Até maio, serão licitadas as obras para outras nove comunidades, todas na Zona Sul. No total, serão mais de 11 mil metros de concreto para conter o surgimento de novas construções."

O Globo

"A construção de 11 quilómetros de paredes de betão em pelo menos 10 favelas no Rio de Janeiro, para conter o avanço sobre as áreas verdes, está a gerar polémica entre cariocas e movimentos sociais que temem uma política de apartheid.

«Fazemos a leitura de uma política de segregação do ponto de vista dos Direitos Humanos que segue a lógica da limpeza social e de uma política higienista», diz à Lusa Sandra Carvalho, directora executiva da organização não-governamental Justiça Global.

Sandra Carvalho afirma que o assunto está a preocupar os movimentos sociais e destaca que o ambiente é uma «desculpa para essa política de segregação». A proposta, adianta, é "barrar" o crescimento das favelas.

«Não é um argumento válido para proteger a mata», declara. «Daqui a pouco vão cercar toda a cidade», acrescenta a militante, criticando a política de "extrema violência" do Governo do Rio de Janeiro sobre as comunidades pobres. 

A polícia do Rio de Janeiro, indica Sandra Carvalho, é responsável por 18 por cento dos homicídios. «As pessoas são exterminadas, é uma matança. A proposta é cercar e, quem sair ou sobrar, mata-se»."

SIC/ Lusa

"Um perito da ONU acusa a construção de um muro em favelas no Rio de Janeiro de estar iniciando uma "discriminação geográfica" no País. Nesta quarta-feira, 6, o governo viveu um verdadeiro constrangimento na ONU ao tentar defender seus programas sociais, enquanto o Brasil era acusado de ser um "país da impunidade". Os peritos da entidade criticaram a corrupção e a falta de acesso da população a Justiça. Mas o maior constrangimento foi gerado pela falta de respostas claras do governo em relação aos problemas sociais enfrentados no País, o que deixou as Nações Unidas irritadas."

Estadão

"O governo viveu um constrangimento nessa quarta-feira (6) na Organização das Nações Unidas (ONU) ao tentar defender seus programas sociais, enquanto o Brasil era acusado de ser um “país da impunidade”. Os peritos da entidade criticaram a corrupção, a falta de acesso da população à Justiça e ainda denunciaram a construção de muros separando as favelas no Rio dos demais bairros.

«Estão fazendo muros entre favelas e bairros ricos. O que está sendo feito contra esses projetos?», questionou o perito da ONU Alvaro Tirado Mejiam, perante a delegação brasileira, durante sabatina para avaliar os programas sociais no País. Para Mejiam, com a construção de um muro em favelas no Rio, o Brasil está iniciando uma “discriminação geográfica”.""

Jornal do Comércio