quinta-feira, outubro 15, 2009

Muros: A solidão

"O número de pessoas que vivem sozinhas, sem família ou companheiro(a) é cada vez maior nas grandes cidades da Europa e da América. Segundo alguns psicólogos, este grupo está mais exposto a sofrer de doenças físicas e psíquicas, o seu sistema imunológico mostra-se menos estável, menos forte e mais propício a contrair doenças crónicas.

Os homens divorciados contraem três vezes mais doenças do que os casados e o índice de mortalidade masculina depois da viuvez regista um aumento de 40 por cento, segundo revela a revista austríaca Medizin Populaer, sendo o enfarte a causa mais comum. Entre as viúvas, a principal causa de morte é o cancro e muitas morrem no ano seguinte ao falecimento do cônjugue. O extremo stress que representa a perda do cônjugue faz com que muitos percam a alegria de viver. Além disso, muitas pessoas deprimidas alimentam-se mal e algumas, em especial os homens, procuram consolo no consumo excessivo de álcool.

De acordo com Georg Gaul, da Sociedade Austríaca de Cardiologia, citado pela agência Efe, o risco de morte das pessoas que vivem sozinhas é o dobro das que permanecem acompanhadas. Perante o seu isolamento, muitos acomodam-se e acabam por adoecer com frequência, vitimados por úlcera no estômago, problemas no fígado e no aparelho digestivo, associados a uma crónica dor de cabeça.

Hans Joachim Fuchs, especialista austríaco em clínica geral, garante que vê diariamente pacientes vítimas de síndromes de solidão e de problemas de convivência, entre cujas causas está o prolongado período que viveram «debaixo das saias da mãe», o que os leva a uma maior dependência emocional dos seus pais e a uma maior dificuldade em se atirarem para o mundo de uma forma mais independente."

Diário de Notícias

"Quase 40 por cento dos portugueses a partir dos 65 anos passam oito ou mais horas dos seus dias sozinhos. «A solidão dos nossos idosos é assustadora», constata Anabela Mota Pinto, uma das autoras de um estudo nacional que define o perfil de envelhecimento da população portuguesa, da autoria de médicos da Faculdade de Medicina de Coimbra, em parceria com a Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa da Universidade Nova de Lisboa. O estudo sairá em livro no próximo mês.

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Se é verdade que 24,85 por cento dos inquiridos com mais de 65 anos vivem sozinhos, são bastantes mais as pessoas desta idade (36,5 por cento) que passam os seus dias sozinhos durante oito ou mais horas por dia. A coordenadora do estudo e professora da Faculdade de Medicina de Coimbra, Catarina Oliveira, afirma que «a solidão no idoso é um factor com grande peso negativo na sua vida», porque «compromete a parte emocional: a pessoa alimenta-se pior, deixa de cozinhar para si, em vez de comer sopa come pão...».

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O curioso é que o estudo até demonstra que os inquiridos mantêm bons índices de autonomia - cerca de 80 por cento não precisam de ajuda nas suas tarefas diárias - e "boa cabeça"- só 5,8 por cento dos analisados tiveram uma avaliação cognitiva "desfavorável" -, mas, depois, "passam horas e horas sozinhos", em vez de terem uma intervenção na sociedade e serem aproveitados para ajudar, nota a médica."

Público

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