segunda-feira, junho 12, 2006

Mulheres Felizes

Poema da minha esperança - Sebastião da Gama








Poema da minha esperança

Que bom ter o relógio adiantado!...
A gente assim, por saber
que tem sempre tempo a mais,
não se rala nem se apressa.

O meu sorriso de troça,
Amigos!,
quando vejo o meu relógio
com três quartos de hora a mais!...

Tic-tac... Tic-tac...
(Lá pensa ele
que é já o fim dos meus dias.)

Tic-tac...
(Como eu rio, cá p'ra dentro,
de esta coisa divertida:
ele a julgar que é já o resto
e eu a saber que tenho sempre mais
três quartos de hora de vida.)

Serra-Mãe (1945)

segunda-feira, junho 05, 2006

Alexandre


Ser professor é uma arte

que lhe faz dar a sua melhor parte

ensinando com o seu giz

"Hoje sou um homem feliz"

sábado, junho 03, 2006

João Paulo





Tem sempre um gesto amigo,

E no rosto um sorriso que diz:

"Eu, estou bem com o mundo,

Eu sou um homem feliz"

sexta-feira, junho 02, 2006

Quinto Domingo - O Despertar para a felicidade

A resposta de Schopenhauer


"Quem é alegre tem sempre razão de sê-lo, ou seja, justamente esta, a de ser alegre. Nada pode substituir tão perfeitamente qualquer outro bem quanto esta qualidade, enquanto ela mesma não é substituível por nada. Se alguém é jovem, belo, rico e estimado, então perguntemos, caso queiramos julgar a sua felicidade, se é também jovial. Se, pelo contrário, ele for jovial, então é indiferente se é jovem ou velho, erecto ou corcunda, pobre ou rico; é feliz."

Schopenhauer, in 'Aforismos para a Sabedoria de Vida

Os Vampiros - Zeca Afonso


No céu cinzento
Sob o astro mudo
Batendo as asas
Pela noite calada
Vem em bandos
Com pés veludo
Chupar o sangue
Fresco da manada



Se alguém se engana
Com seu ar sisudo
E lhes franqueia
As portas à chegada
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

A toda a parte
Chegam os vampiros
Poisam nos prédios
Poisam nas calçadas
Trazem no ventre
Despojos antigos
Mas nada os prende
Às vidas acabadas

São os mordomos
Do universo todo
Senhores à força
Mandadores sem lei
Enchem as tulhas
Bebem vinho novo
Dançam a ronda
No pinhal do rei

Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada
No chão do medo
Tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos
Na noite abafada
Jazem nos fossos
Vítimas dum credo
E não se esgota
O sangue da manada

Se alguém se engana
Com seu ar sisudo
E lhes franqueia
As portas à chegada
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

Quarto Domingo - Bem servido e bem regado

quinta-feira, junho 01, 2006

A Música

A Pesca

Terceiro Domingo - Matando o Tempo


Precisamos do lazer para recarregar as baterias, mas também precisamos do silêncio para nos conhecermos, para escutarmos o que se passa dentro do nosso corpo e mente, para estabelecer conexões com os outros. Precisamos do lazer para sermos humanos. O lazer também é importante para produzir no trabalho. Com tempo para desacelerar, voltamos para o trabalho com mais energia, clareza e criatividade.


Uma das razões para sentirmos que não temos tempo suficiente para tudo ao longo de um dia, é o fato de vivermos numa cultura que nos encoraja constantemente a ter tudo, a fazer mais e mais coisas e até sentir-se fracassado se diminuirmos o ritmo, pararmos ou se fizermos menos coisas. A mensagem que temos a partir disto é que a melhor forma de utilizar o nosso tempo é preenchendo cada segundo com o máximo de actividade possível. Mas isto é um absurdo. Significa que nunca temos tempo para descansar e que nunca fazemos nada realmente bem-feito ou ainda que não conseguimos aproveitar as coisas de forma apropriada, porque estamos sempre com pressa.

Significa que colocamos a quantidade à frente da qualidade e que vivemos nossas vidas superficialmente. Uma vez que se percebe que essa é a forma errada de lidar com o tempo, a forma errada de viver, fica mais fácil mudar.


Carl Honoré - Escritor

Florbela Espanca - Alma Perdida





















Alma perdida


Toda esta noite o rouxinol chorou,
Gemeu, rezou, gritou perdidamente!
Alma de rouxinol, alma da gente,
Tu és, talvez, alguém que se finou!

Tu és, talvez, um sonho que passou,
Que se fundiu na Dor, suavemente...
Talvez sejas a alma, a alma doente
D'alguém que quis amar e nunca amou!

Toda a noite choraste... e eu chorei
Talvez porque, ao ouvir-te, adivinhei
Que ninguém é mais triste do que nós!

Contaste tanta coisa à noite calma,
Que eu pensei que tu eras a minh'alma
Que chorasse perdida em tua voz!...

Florbela Espanca

Por sugestão de Ana Florentim