terça-feira, março 08, 2011

Em defesa do Dia da Mulher

O Dia da Mulher é um dia controverso, principalmente entre as mulheres. O principal argumento para o considerar um dia machista e despristigiante para a mulher é o parecer que a mulher só tem direito a um dia seu em todo o ano e os outros 364 ou 365 pertencessem ao homem. Que a igualdade de direitos entre mulher e homem devia ser tão óbvia que não precisaria de um dia em particular para o lembrar.

Acho que o Dia da Mulher, no entanto, pode não ser tão fútil e mesquinho como alguns o querem fazer parecer.

Em Portugal, no dia 25 de Abril, celebra-se a conquista da liberdade e da democracia. Não quer dizer que não devamos celebrar todos os dias, através dos nossos actos como cidadãos, a nossa liberdade e a nossa democracia. Quer apenas dizer que há um dia no calendário em que nos certificamos de que não nos esqueçamos disso, e de preferência que fique na memória para o resto do ano. Nesse e noutros assuntos, é importante fazer contas aos direitos adquiridos ao longo dos tempos para que não se volte ao passado.

Por outro lado, os telejornais esquecem depressa as notícias. De vez em quando lembram-se de falar das muitas mulheres vítimas de violência doméstica, ao abrigo de um crime mais grave ou de um estudo mais chocante que consegue um canto nas primeiras páginas de um jornal. Mas o assunto morre depressa e fica por aí, porque o mundo das notícias não se compadece com desgraças quotidianas mas apenas com as inusitadas.

A juntar a estes factos, e antes de partir para uma conclusão, há que ter em conta os milénios da história em que eram negados às mulheres os direitos mais básicos. É bonito dizer que, no século XXI, já devia estar tudo resolvido, no que diz respeito à luta pela igualdade de direitos entre homens e mulheres. Essa luta chama-se "feminismo", e não "igualitismo", por alguma razão. Milénios de história não se alteram em coisa de dias, nem de anos. Num século mudou muita coisa, mas não tudo.

E é por isso que é importante haver um dia que lembre o que há ainda por fazer. Porque é preciso ser notícia e porque o mundo só pula e avança a um ritmo muito lento e porque é necessário não regredir em assuntos como este.

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